Partiu o fotojornalista que mais retratou os bairros de lata portugueses em França – Gérald Bloncourt

Deixou uma obra e foi um dos fotógrafos que mais retratou os bairros de lata portugueses – Gérald Bloncourt.
Foi ao colaborar com jornais de esquerda como “L’Humanité” e “La Vie Ouvrière”, entre outros, que Bloncourt descobriu os bairros de lata portugueses nos subúrbios da capital francesa: “Era uma forma de escravatura moderna. Havia lama no inverno, era frio. Eram barracas feitas com tábuas, bocados de chapa, Era uma vida difícil, muito rude. Os homens iam trabalhar para as obras, as mulheres ficavam com as crianças”, lembrou o fotójornalista.

O primeiro “bidonville” que o repórter fotografou foi o de Champigny-sur-Marne, nos arredores de Paris, mas a abordagem não foi fácil: “Quatro portugueses viram-me e apanharam-me. Pensavam que eu era um polícia. Prenderam-me e meteram-me lá num edifício feito de tábuas. Havia lama por fora, mas lá dentro era asseado e tínhamos que tirar os sapatos.”
Enquanto o fotógrafo aguardava, descalço, os portugueses “foram buscar o chefe”: “Quando o chefe chegou, disse-me “Que estás aqui a fazer?” Eu conhecia-o. Era um militante sindicalista da Renault que era o chefe do bairro de lata. Abraçámo-nos, bebemos uma garrafa de Porto e depois pude voltar!”, recordou.

Fonte N Cultura

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